A governadora Raquel Lyra, do vizinho estado de Pernambuco, oficializa nesta segunda-feira (10) sua filiação ao PSD, durante um evento marcado para o Recife. A mudança de partido já havia sido definida no fim de fevereiro, marcando o encerramento de sua trajetória de nove anos no PSDB.
As negociações com o PSD, partido presidido por Gilberto Kassab, vinham ocorrendo desde o início de 2024. Além de ingressar em uma sigla em ascensão nacional, Raquel também assumirá o comando do diretório estadual em Pernambuco. O MDB chegou a ser cogitado como destino, mas a governadora optou pelo PSD.
Em entrevistas recentes, Raquel já vinha sinalizando seu afastamento do PSDB. À Folha de S.Paulo, em dezembro, ela declarou que o partido “foi ficando pequeno” e que isso demonstrava “que algo está errado”. Para ela, a legenda precisava “se reencontrar com a sua história e seus valores”.
Em fevereiro, em entrevista à TV Bandeirantes, afirmou se sentir desconfortável com a atual posição do PSDB no cenário político. “O PSDB não foi oposição ao governo Bolsonaro e se colocou, há cerca de um ano, como ‘farol da oposição’ ao governo do presidente Lula, sem ter um projeto que pudesse apontar para o que queremos adiante”, disse, ressaltando que sua visão sempre foi respeitada dentro da sigla.
Apesar de agora integrar um partido historicamente adversário do PT, Raquel Lyra tem feito acenos ao governo federal desde o início de sua gestão. Em 2022, evitou declarar voto no segundo turno da eleição presidencial, mas, já no exercício do cargo, passou a adotar uma postura de diálogo com o Palácio do Planalto. “Temos a sorte de ter na Presidência o nosso embaixador sentado na cadeira do Palácio do Planalto”, disse, em referência ao presidente Lula, também pernambucano.
O presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, lamentou a saída. “Ela sempre contou com nosso apoio e com os fundos partidários e eleitorais. O partido está convicto de que precisa construir uma forte alternativa eleitoral aos extremos. Somos e continuaremos a ser oposição ao governo lulo-petista, sem nos furtar a apontar também os erros do outro extremo”, afirmou. “O Brasil precisa de união, não precisa de adesismo.”
Raquel Lyra ingressou no PSDB em 2016 para disputar a Prefeitura de Caruaru, cidade que governou por dois mandatos. Antes disso, atuou como deputada estadual pelo PSB, sigla que hoje representa uma das principais forças políticas do estado — e seu principal adversário local.
Raquel vai para a reeleição desgastada. Nas pesquisas de opinião pública, ela aparece atrás de João Campos (PSB), prefeito do Recife e possível adversário dela em 2026.